Minha experiência no Caminho de Santiago
Olá, amigo, fiz o mesmo caminho em abril/2014, e percebo que suas dicas são ótimas; também tive que deixar coisas para trás.
Estava com 59 anos (hoje 60), e foi das maiores experiências da minha vida, fazendo amizades com pessoas de diversos países; algumas nos falando por rede social até hoje.
Nos Pireneus tive que seguir pela via Valcarlos (500m mais baixa), pois nos informaram que o caminho normal estava intransponível por causa da neve. Ainda assim passei por grossa camada de neve.
Roncesvalles coberta de neve era algo deslumbrante, além da linda missa dos peregrinos às 18h.
Acrescento: concordo muito com uso de bota. No meu caso foi por causa da neve, e também porque tem cano mais alto, impedindo a entrada de lama e água quando se tem que passar em algum charco. Usei uma Timberland Chochorua (muito confortável) com um número maior que o meu, para dar mais folga e ainda caber mais uma planilha. Não sei se foi por isso, ou porque a sola de meu pé já está mais grossa (caminho muito e corro), mas tive duas bolhinhas bobas.
Programei-me para completar o trecho em 32 dias, mas é tão bom, que no final já estava fazendo 40km por dia. Completei os 800km em 27 dias.
Lá eu aprendi o essencial: A felicidade nunca está no final do caminho, mas no próprio caminho. Na vida também é assim… por isso o presente é tão importante.
A partir de um almoço com uma peregrina de Santiago, no Centro do Rio de Janeiro, que falava do Caminho com muita emoção, fiquei pensando se seria interessante para mim fazer a mesma caminhada.
Vi outro colega ir e voltar cheio de fotografias e coisas para contar. Mas até o momento de comprar a passagem para a Espanha eu ficava me perguntando se deveria ir ou não. E, quando parti, fui sem qualquer ansiedade, diferentemente de tantas pessoas que não veem a hora de iniciar.
Confesso que em Saint-Jean-Pied-de-Port (início do caminho francês), à tardinha do dia anterior, sem conhecer ninguém, fiquei um pouco deprimido e pensando na distância a percorrer, e me perguntava: o que é que estou fazendo aqui? Mas é claro que não ia voltar pra casa. Tinha como objetivo o de ser para mim apenas um “retiro espiritual”, e pensei: vou simplesmente caminhar, sem qualquer expectativa…
E no final das contas foi uma das experiências mais marcantes da minha vida, tanto espiritual quanto de amizades, de relax, de partilhas, e de cultura… Portanto, acho que, independentemente de o peregrino projetar em sua mente como será, acredite que será diferente e maravilhoso.
Na primeira foto, minha subida dos Pireneus, com um companheiro coreano.
Na seguinte, foto interna de um albergue do povoado de Ligonde (depois de Portomarín), que considerei um dos mais emblemáticos e carinhosos em que pernoitei (gratuito), no qual os hospedeiros eram voluntários e um deles era um baiano, com quem tocamos violão e cantamos canções brasileiras.
Além da acolhida, eles nos preparavam pessoalmente um delicioso jantar regado a vinho, com as contribuições voluntárias que os peregrinos anteriores deixavam.
Abraço forte.
Luiz